Publicidade

Falta ousadia, mas sobra diversão: “Bailarina” é menos visceral que John Wick, mas funciona como entretenimento passageiro

F+a ousadia, mas sobra diversão: "Bailarina" é menos visceral que John Wick, mas funciona como entretenimento passageiro

Publicidade

Quando John Wick – De Volta ao Jogo chegou às telonas, ninguém imaginava que o cinema de ação feito em Hollywood seria revolucionado. O discreto filme dirigido pelo ex-dublê Chad Stahelski não inovou na narrativa do mercenário vingativo, mas abandonou o excesso de cortes que marcou franquias bem-sucedidas, como a protagonizada pelo amnésico Jason Bourne.

A ação comandada por Keanu Reeves se destaca por cenas em plano sequência e um nível mais crível do que seria um assassino de elite: tiros únicos e letais, implacabilidade e um universo obscuro de outros assassinos que justifica a ausência de perseguição policial.

Quatro filmes, uma série spin-off (The Continental) e US$ 1 bilhão depois, chega aos cinemas Bailarina, filme que promete expandir e aprofundar o universo iniciado em 2014.

Dirigido por Len Wiseman — cuja filmografia não é exatamente invejável, incluindo obras com fãs dedicados, porém esquecíveis, como Anjos da Noite —, Bailarina (originalmente Ballerina) tem a difícil missão de manter o clima noir-cyberpunk que consagrou John Wick. Embora funcione como um passatempo divertido, o filme pouco acrescenta à franquia, soando mais derivado do que necessário e ousando muito menos que seus antecessores.

Ana de Armas as Eve in Ballerina. Photo Credit: Larry D. Horricks

Rooney (Ana de Armas) busca vingança pela morte de sua família, um impulso que a leva a se conectar com o Continental, a Alta Cúpula e a Mama Ruska — locais icônicos da franquia. A familiaridade agradável também vem com a presença de personagens como Winston (Ian McShane) e Charon (Lance Reddick, em uma emocionante homenagem póstuma). Ana de Armas, já experiente em filmes de ação, era uma escolha óbvia para o papel da heroína vingativa e, de fato, entrega uma boa performance. A atriz transmite imponência física, ajudada por um roteiro que justifica suas vitórias contra adversários mais fortes.

A introdução de Rooney como assassina é um aspecto interessante, algo não explorado nos filmes principais. No entanto, como o filme não poderia se estender muito, a passagem do tempo é acelerada, forçando o público a aceitar que a novata possui um talento inato capaz de superar assassinos veteranos.

Aqui reside uma das frustrações do filme. John Wick é imparável, e suas sequências de ação são viscerais. A interpretação contida de Keanu Reeves casou perfeitamente com o homem que busca vingar seu cachorro e recuperar seu carro. Já em Bailarina, essa intensidade não é alcançada. Não que as cenas de ação sejam ruins, mas o legado da franquia estabeleceu um padrão difícil de superar. A brutalidade fluida de Wick está ausente, embora o esforço para reproduzi-la seja visível. Parte da culpa pode ser atribuída à ausência de Stahelski na direção, já que Wiseman parece menos inspirado nas coreografias.

O roteiro, escrito pelo próprio Wiseman em parceria com Shay Hatten, aprofunda alguns dramas pessoais da protagonista, mas tropeça ao introduzir uma personagem que deveria mudar o rumo emocional da trama — acabando por diluir o peso do passado traumático de Rooney. É curioso: se John Wick buscava vingança por um cachorro e um carro, um simples flashback bastava para justificar sua motivação. Já aqui, a execução superficial reduz o impacto de uma história que deveria ser mais complexa, por envolver laços familiares.

Inevitavelmente preso à sombra do que já foi estabelecido, Bailarina se sai bem no essencial: um filme de ação deve, no mínimo, não ser entediante. A conexão com a franquia principal atrai espectadores curiosos, mas também impõe o desafio de corresponder às expectativas.

A participação do próprio John Wick é divertida, mas acaba funcionando como um deus ex machina desnecessário, ofuscando ainda mais a tentativa da protagonista de consolidar sua própria jornada.

No fim, Bailarina é um filme bem-vindo — superior a boa parte das produções do gênero lançadas recentemente — e que explora, aqui e ali, a expansão do universo Wick. No entanto, ganharia se fosse mais ousado em suas ambições. Apesar dos esforços, Rooney acaba parecendo uma estagiária em seu próprio filme.

Publicidade

Última atualização em: 8 de junho de 2025 às 3:07

Compartilhe :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp

Deixe um comentário

Área para Anúncios

Seus anúncios aqui (área 365 x 300)

Publicidade

Matérias Relacionadas

Se inscreva na nossa Newsletter 🔥

Receba semanalmente no seu e-mail as notícias e destaques que estão em alta no nosso portal

Categorias

Publicidade

Links Patrocinados