E se fosse possível desacelerar o tempo? Essa é a provocação da peça teatral Velocidade, décima criação do grupo mineiro Quatroloscinco – Teatro do Comum, que estreia no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) no dia 18 de junho. A temporada será no Teatro I – com apresentações de quarta a sábado – quarta, quinta, sexta e sábado às 19h; domingo às 18h – até 13 de julho. O projeto, que inclui bate-papo e oficina gratuitos, é apresentado pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Em um mundo cada vez mais utilitarista, consumista e hiperconectado, onde distâncias, durações, memórias e relações se reduzem e se virtualizam, Velocidade se ergue como um manifesto contra a pressa, a urgência e a obsessão pelo futuro. Estruturada em forma de livro – com capa, prefácio, dedicatória, sete partes e verso da capa – a peça questiona o ritmo imposto pela vida contemporânea e propõe outra relação com o tempo. Escrito por Assis Benevenuto e Marcos Coletta, e dirigido pelo cineasta Ricardo Alves Jr. e Ítalo Laureano, o espetáculo reúne em cena Rejane Faria, Michele Bernardino, Ítalo Laureano, Marcos Coletta e Assis Benevenuto.
“A peça começa com um áudio de seis minutos que o espectador ouve no escuro. Esse é o nosso convite inicial para desacelerar, baixar a bola, deixar o tempo decantar, desafiar a ansiedade, habitar outro tempo da imagem”, adianta Coletta.

A inspiração surgiu a partir do ensaio “Notas sobre os doentes de velocidade”, da autora mexicana Vivian Abenshushan, e se ampliou em diálogo com outras referências, como o livro Oráculo da Noite, de Sidarta Ribeiro, textos de Paul Preciado e o filme Poesia Sem Fim, de Jodorowsky. O resultado é uma dramaturgia concebida como uma peça-livro-sonho, que abandona a linearidade e se constrói por imagens, rastros de memória e lapsos entre o real e o imaginado. Cada cena convida o público a suspender a lógica do imediato e experimentar outras durações, ruídos e silêncios.
Os diretores de arte, Luiz Dias e Carol Manso, trouxeram para o palco uma mesa central que funciona como página, onde os títulos dos quadros são escritos e apresentados ao público. O cenário, os objetos e os figurinos assumem diferentes funções, ganhando novos significados ou sumindo a cada sequência. Para Assis Benevenuto, essa dinâmica está diretamente ligada ao conceito que estrutura o espetáculo: “Essa ideia de uma peça-livro-sonho necessita que o espaço, os figurinos e os objetos de cena possam ser transformados. Não pode ser aquele cenário fixo, pesado, que imprime apenas uma ideia”.
Em um dos capítulos, intitulado Queda Livre, cinco bonecos de madeira com cerca de 50 cm de altura, confeccionados pelo artista Agnaldo Pinho, representam versões miniaturizadas dos próprios atores e entrevistam seus duplos em um talk-show absurdo. “É uma cena veloz, em que os bonecos são mais sagazes do que nós”, comenta Benevenuto. Segundo Laureano, o foco não é o teatro de bonecos em si, mas o efeito de ver os atores como avatares, espelhos e objetos ficcionalizados.
Serviço
Temporada: 18 de junho a 13 de julho de 2025
Quando: de quarta a sábado, 19h e domingo, 18h.
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (Meia) – disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura)
Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro I
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Tel. (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br