Na última terça-feira (29/4), a escritora Camila Panizzi , filha de Francisco Carlos Soares Luz, embaixador da Bolívia, participava de uma mesa ao lado da mãe, Ivana Panizzi, sobre “Raízes e Asas: Literatura e Artes Sem Fronteiras – O Encontro de Mãe e Filha na Terra Natal”, quando convidou o escritor Wesley Barbosa para subir ao palco. Barbosa, conhecido pela divulgação de seus livros e por ser fundador da editora independente Barraco Editorial, começou a falar do trabalho dele com literatura marginal. Camila indaga como fazer para ser uma “neomarginal” e após Wesley dizer que era só ela ser ela mesma, a escritora respondeu “eu nunca fui presa”.
Com a polêmica fala ganhando repercussão, Camila trancou os perfis nas redes sociais. Veja o momento abaixo:
“Ela me chamou e eu fui, porque estou aqui para vender meus livros. Enxerguei como um espaço e fui humilhado. Me senti indignado, atacado. Eu sofri racismo. Ela me associou a um criminoso. Eu não sou criminoso. Eu sou um escritor, um autor independente, ao contrário dela, que é filha de um embaixador, minha mãe é faxineira. Em casa, quase ninguém lia. Eu sou o único leitor em casa e é tão difícil a gente publicar livros, ter espaço nos eventos, na imprensa e eu faço esse trabalho de formiguinha. Sair de São Paulo, vir para Minas Gerais e ouvir esse tipo de coisa me deixou muito mal mesmo”, contou Wesley ao Estado de Minas.
A literatura marginal não tem asbolutamente nada a ver com a concepção colocada por Camila Panizzi. eO gênero refere-se a obras e autores que oferecem uma possibilidade diferente para o ato de ler e escrever, uma alternativa ao que se vê no circuito comercial. Em geral, são obras concebidas de forma independente e muitas vezes vendidas sem o uso de intermediários, fomentando a cultura do mão em mão, disseminando narrativas muitas vezes ignoradas pelo mainstream .