Levar o nome de Miró da Muribeca, homem negro, periférico, e um dos mais importantes poetas pernambucanos da contemporaneidade, com uma escrita dedicada à temática da periferia de Recife e ao cotidiano da população subalternizada, para além do Nordeste, eraum grande desejo do grupo Magiluth. Desde o dia 06 de fevereiro o público carioca tem a oportunidade de mergulhar no universo do poeta no Sesc Copacabana – Mezanino, com a estreia do espetáculo “Miró: Estudo N°2”, que segue numa curtíssima temporada até o dia 16 de fevereiro, de quinta-feira a domingo, sempre às 20h30.
Com direção e dramaturgia assinadas pelo grupo Magiluth – formado pelos atores Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira e Giordano Castro – “Miró: Estudo N°2” faz parte do segundo trabalho de uma trilogia onde se estuda os poetas de Recife. Em 2022, o grupo estreou o “Estudo n°1: Morte e vida” , um trabalho com base na obra do escritor e poeta João Cabral de Melo Neto que explicitava os caminhos possíveis para a construção de um espetáculo teatral a partir do texto “Morte e vida Severina”.
Ainda envolvido com essa pesquisa, o coletivo resolve dar continuidade a essa investigação com o trabalho que chega à cidade, onde o jogo proposto é a indagação sobre como fazer um personagem, onde a experiência usa o processo de criação para resgatar a obra do poeta. “Em ‘Miró – Estudo N°2’ a gente aborda como se faz para construir um personagem, utilizando o Miró como figura central. Quais as permissões temos para isso? Vamos mesclando toda essa discussão com a poesia dele e com o fazer teatral”,explica Bruno Parmera.
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Embora o universo desta obra tenha começado sua idealização em 2015, apenas com a instalação do grupo no edifício Texas, um espaço que funcionou praticamente como um centro cultural no coração do bairro da Boa Vista, no centro do Recife, proporcionou ao Magiluth um intenso fluxo de intercâmbio com vários artistas, de diversas linguagens, favorecendo sua realização. Dentre esses encontros, aconteceu a aproximação com o poeta Miró da Muribeca.
E dos encontros frequentes com aquele homem em estado de ebulição poética é que começou a nascer a vontade de se aproximar ainda mais da sua obra e da sua biografia.“Miró é uma poesia muito forte, de rua, uma figura ímpar, tenho certeza que o público vai se identificar. Em nossas últimas peças temos flertado muito com o audiovisual, mesclando teatro e cinema, fazendo muito uso da tecnologia. Manipulamos tudo em cena, a luz, o vídeo, a câmera, o microfone, isso virou uma linguagem do grupo” conclui Giordano Castro.