Dos porões dos navios, na travessia transatlântica dos negros escravizados, o soturno som do sofrimento dos cânticos se traduziu em uma vibrante polirritmia, que ecoou pelo mundo, como um legado cultural do continente africano. Esse é o pano de fundo do documentário Razões Africanas, do diretor Jefferson Mello, que percorreu seis países para desbravar as histórias por trás do blues, do jongo e da rumba.
A obra audiovisual nasce a partir da diáspora africana para abordar a herança africana que produziu esses 3 ritmos musicais, consolidados mundialmente, e será exibido, gratuitamente em espaços quilombolas, a partir de uma parceria entre a produção do audiovisual e a Fundação Palmares, levando informação e entretenimento para os quilombos.

Além disso, o documentário entrou em cartaz em São Paulo e Belo Horizonte no último dia 15 e haverá pré-estreias em Belém (26/05); Rio de Janeiro (29/05); Salvador (05/06); Brasília (10/06); Maceió (13/06); Maranhão (18/06); entre outros Estados. A distribuição será realizada em 15 entes federados no Brasil e as exibições sociais serão realizadas em conjunto com a Fundação Palmares, principalmente nos Estados onde a Fundação possui representação.
Segundo o diretor, a parceria feita com a Fundação Palmares é, justamente, para dar acesso aos quilombolas a essas exibições gratuitas e sociais, para eles entenderem a questão da ancestralidade, da luta de cada um e dos ritmos que são apontados dentro do documentário.
“Estive com o João Jorge [presidente da Fundação Palmares] na semana passada e ele está entusiasmado com a exibição do documentário nesses espaços de resistência e acredito que essa parceria será duradoura e vai contribuir para a disseminação das informações sobre o jongo, o blues e a rumba”, analisa Melo.
Produzido pela Tremè Produções, o documentário valoriza a “Mãe África” e a ancestralidade nos três ritmos musicais, criando uma expectativa grande em torno das histórias e dos personagens da obra audiovisual. “A expectativa é que as pessoas fiquem emocionadas porque, atualmente, o jovem está muito mais impactado pelos novos ritmos do que pelos que já são consolidados e pouco sabem dessa ancestralidade. E um dos nossos objetivos é apresentar aos jovens africanos, o quanto a África é importante no cenário musical mundial”, finaliza Jefferson Melo.
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