Em uma das maiores favelas da África, nos arredores de Nairóbi, capital do Quênia, a capoeira está se consolidando. A arte marcial afro-brasileira que combina elementos de dança, música, acrobacia e combate é arma de Salim Rollins, fundador do Centro de Capoeira Angola em Kibera para ajudar os jovens. ” A capoeira era uma forma de resistência, utilizando artes marciais africanas como forma de resistência à instituição da escravidão e à opressão sofrida por esses diferentes grupos étnicos”, explicou Mestre Rollins ao Africa News, no Centro onde treina crianças e adultos locais.
Nasri Babu, um capoeirista de 25 anos, começou a aprender em 2019. Ele diz que é uma boa maneira de lidar com o estresse da vida. “Na comunidade de onde venho, há muita coisa acontecendo e a capoeira sempre desempenhou um papel importante, como uma terapia, sempre foi como uma terapia para mim”, diz ele. No final do século XIX e início do século XX, as autoridades brasileiras proibiram a capoeira por ela ter sido associada à vadiagem e às gangues de rua. Na década de 1930, a capoeira foi desenvolvida em um sistema estruturado, chamado Capoeira Regional, que incorporou movimentos tradicionais com novas técnicas e enfatizou a autodefesa, ajudando a legitimar a capoeira como uma arte marcial respeitada.
“Também me ajudou com autoconsciência, autodisciplina e autodefesa”, diz Beckham Otieno, um capoeirista de 18 anos. “Quando alguém me ataca, eu sei como usar os movimentos da capoeira. Não posso ser machucado porque a capoeira me ajuda com essas habilidades e eu as aplico nas ruas.” Em 2014, a UNESCO declarou a Roda de Capoeira Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, reconhecendo sua importância como símbolo de resistência, identidade, expressão cultural e unidade.
“Há também um elemento ritual que é muito importante na capoeira”, acrescenta Rollins. “Veja bem, praticamos em círculo, e há canções de chamada e resposta. Então, essa é a ideia de criar uma energia dentro desse círculo e também de certa forma alimentar e contribuir para os dois praticantes.” Movimento e disciplina, sendo adotados por uma nova geração de quenianos.
Fonte da matéria original: Africa News