Das ruas do Subúrbio de Salvador, a banda Guias Cegos provoca com versos em suaves melodias que falam de memória, identidade e disputa de poder em seu EP de estreia “Niquim”. A obra, lançada através do projeto Sons do Subúrbio, combina música, poesia e denúncia social em uma fusão potente de ritmos e sentimentos, compondo uma sonoridade única que une samba, MPB, ijexá e trap.
Formado pelos artistas Bala de Ogum, Daniele Menezes, Xaves e Ueslei Nascimento, Guias Cegos nasceu em 2019, a partir de uma experiência artística nas ruas e praças de Salvador. Desde então, o grupo vem circulando por espaços públicos com um som original e autêntico, evidenciando a cena musical suburbana.
Suas composições abordam com sensibilidade o cotidiano das comunidades periféricas, destacando símbolos da região como o mar, o trem – desativado após mais de 160 anos de história – e a cultura pesqueira que sustenta parte significativa da população local. “Nosso som é corpo, é território, é memória viva da maré que não para”, afirmam os artistas.
O EP também chega recheado de participações especiais. Tem direção musical do arranjador e músico Jordi Amorim, do Mestre Gabi Guedes na percussão, além de um feat com Silas Niehaus, parceria que nasceu dentro do projeto Sons do Subúrbio. Os figurinos que se conectam com a identidade artística do álbum são da Agô Go Aiyê.
O título do EP “Niquim” é uma analogia a um peixe nativo da região – forte, resistente e que pode se armar de espinhos, mas essencial para o equilíbrio do ecossistema local. “O Niquim representa a resistência num ambiente seletivo, onde muitos não percebem no seu espinho caminhos de oportunidades e defesas para sua espécie. Seu veneno ao pisá-lo representa a luta do povo suburbano”, reforçam os integrantes da banda.
