Após um intervalo de 15 anos longe dos holofotes, a banda Moptop lançou na última nesta sexta-feira, 6 de junho, o seu terceiro álbum de estúdio. Intitulado “Long Day”, o primeiro disco do grupo inteiramente em inglês mira não só os fãs brasileiros, mas também o público internacional.
“Acho que esse é o nosso disco mais ambicioso até agora. É todo em inglês, 100% independente e nasceu em três continentes diferentes: América do Sul, América do Norte e Oceania. Isso por si só já carrega um peso simbólico grande pra gente”, afirma Gabriel Marques, vocalista e compositor da banda.
A intensidade emocional característica das composições de Gabriel ressurge com uma abordagem mais madura, em que as letras exploram as mudanças, os desafios e as contradições da meia-idade e da vida moderna. As músicas preservam a energia crua e melódica que sempre definiu o Moptop, ao mesmo tempo em que ampliam seu alcance com novas camadas, instrumentos inéditos e momentos de maior sutileza. O novo single, “Tightrope”, já vem ganhando destaque, sucedendo os lançamentos das faixas “Last Time” e “Ghosts”.
“Fazia mais de dez anos que eu não pegava numa guitarra. Me dei um violão novo de presente de aniversário e, inacreditavelmente, as músicas começaram a surgir, uma atrás da outra. Havia muitos motivos para não gravar esse disco nem voltar com a banda — trabalho, família, a distância enorme entre a gente e, acima de tudo, a impossibilidade de ensaios. Mesmo assim, sentimos que precisávamos fazer isso acontecer — trazer essas músicas ao mundo, tocá-las juntos ao vivo e celebrar a história especial do Moptop com os fãs, nem que fosse só mais uma vez”, recorda Gabriel.

MOPTOP EM SUA ESSÊNCIA
Além de marcar um retorno às raízes, o novo álbum “Long Day” também reflete tudo o que mudou desde então. Com dez faixas, o disco foi feito de forma independente, seguindo o espírito “faça você mesmo” que sempre acompanhou a banda. Assim como suas primeiras demos, o álbum é totalmente em inglês, uma escolha natural tanto pelas influências que moldaram o som do grupo quanto pelo fato de Gabriel e do guitarrista Rodrigo Curi viverem hoje no exterior.
“Esse trabalho não nasceu com a obrigação de ser ‘Moptop’. Gravamos primeiro por vontade, por impulso criativo. Depois percebemos que aquilo só podia ser a gente mesmo. Tinha a nossa cara.”
A imagem do rato preso numa roda giratória sintetiza o espírito de “Long Day“: a exaustão de quem corre sem parar, sem saber se vai chegar a algum lugar — o “rat race” da vida adulta, da ansiedade moderna, da solidão digital. Ao longo do álbum, o Moptop dá voz a esse cansaço existencial: personagens que tentam manter relacionamentos (“On Your Side“, “Long Day“), enfrentar traumas (“Ghosts“, “Fear“), superar perdas irreparáveis (“Tightrope“), resgatar a juventude (“Glow“) ou simplesmente encontrar sentido na própria existência (“Last Time“, “One in a Million“). Em faixas como “Running” e “Falling“, essa sensação de estar sempre em movimento — correndo, escapando, caindo — se torna ainda mais literal.
O disco foi produzido remotamente pelos quatro integrantes: Gabriel Marques, em Los Angeles, Rodrigo Curi, em Brisbane, Daniel Campos e Mario Mamede, no Rio. Daniel Carvalho (Caetano Veloso, Los Hermanos, Nação Zumbi e Marisa Monte) assina a mixagem, enquanto Fred Kevorkian (The White Stripes, Iggy Pop, The National) masterizou o projeto em Nova Iorque.
O álbum conta ainda com a participação de Vitor Campos (Maldita, Tunnel Vision), na bateria, e Fabrizio Iorio (Som da Rua, Detonautas), nos teclados
A volta também será celebrada nos palcos com uma turnê especial em julho. A banda tocará em Belo Horizonte (5/7 – Distrital), Recife (6/7 – Estelita), Rio de Janeiro (10/7 – Circo Voador), São Paulo (12/7 – esgotado e 13/7 – Augusta Hi-Fi) e Curitiba (18/7 – Stage Garden). A última apresentação do Moptop foi em 2010, abrindo para o Franz Ferdinand na Fundição Progresso, no Rio.
REFERÊNCIA DO INDIE ROCK BRASILEIRO DOS ANOS 2000
Com uma trajetória marcante no rock independente nacional, o Moptop ajudou a definir o som do indie rock brasileiro nos anos 2000. A banda lançou dois álbuns de estúdio, Moptop (2006) e Como Se Comportar (2008), ambos pela Universal Music, e participou do DVD e álbum “MTV Ao Vivo 5 Bandas de Rock”, projeto que reuniu alguns dos principais representantes nacionais do gênero na época.
Com um som que mesclava a urgência do punk, a sensibilidade melódica do britpop e a estética vibrante do indie rock, o grupo conquistou público, crítica e prêmios, consolidando-se como um dos destaques da cena alternativa.
O Moptop realizou mais de 200 shows pelo Brasil, passando por festivais como Porão do Rock, Claro Que É Rock, MADA e Abril Pro Rock, além de dividir o palco com bandas internacionais como Oasis, Interpol, Placebo, Keane e The Bravery.