
O cantor e ator Tony Tornado completa 95 anos hoje e não dá sinais de puxar o freio. O artista segue em plena atividade e em boa fase na carreira.
Nascido Antônio de Viana Gomes, Tornado nasceu na cidade paulista de Mirante do Paranapanema e foi para o Rio de Janeiro aos 11 anos. VendeU doces na rua para se manter. Do Rio foi para Nova York, onde ficou por 5 anos durante os anos 1960, entrando em contato com a música negra feita por lá, mesmo caminho feito por outro ícone da black music brasileira, Tim Maia.
De volta ao Brasil, como muitos cantores da época, se apresentava como cantor estrangeiro cantando somente em inglês. No começo dos anos 70, assume o nome artístico que o consagraria através de dica do produtor musical Mariozinho Rocha, que dizia que Tony “dançava feito um furacão”.
Em 1970, Black Power de Tony ganhou o Brasil. Ele foi o vencedor do Festival Internacional da Canção, com a a pedrada “BR-3”, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar,canção que montava as bases da soul brasileira, mas em deixar de prestar reverência as raízes norte-americanas.
Em 1971 ele lançou seu primeiro disco como Tony Tornado, tendo como carro chefe a canção vencedora. “Não é pura e simplesmente porque me escolheram para cantar BR-3, não. Era o carinho que eles tinham com o tipo de música que eles estavam querendo apresentar. Aquela segunda parte, que é um pouco mais ritmada, eu inclusive tenho uma participação ativa nela, porque eu precisava daquela parte para mostrar a coreografia. A música já tava pronta. Eu precisava mostrar a coreografia. E como ela é uma valsa 2/4, eu precisava passar um vídeo mais acelerado. Então eu criei aquela parte que tem a dobra da música e é onde a gente pode dançar”, disse em entrevista à rádio MEC.
Em 1972, ele estreia em novelas, interpretando Jerônimo em o ‘Herói do Sertão’, na TV Tupi. Durante os anos 1970, esteve na Globo, participando de programas humorísticos com Os Trapalhões e Chico Anysio, além de novelas e minisséries. Marcou presença no cinema em clássicos como Pixote – A Lei do Mais Fraco e Quilombo, de Cacá Diegues.
Tony Tornado também foi pioneiro entre atores que se engajou na defesa dos direitos dos negros, participando ativamente da luta pela representatividade na TV. Nos anos 70, acabou sendo exilado pela Ditadura Militar, morando em vários países como Uruguai, Coreia do Norte, Cuba e Rússia.
Na última terça-feira, Tony Tornado foi uma das 111 personalidades condecoradas pelo Governo Federal com a Ordem do Mérito Cultural, a maior honraria pública do setor cultural brasileiro. Ele foi celebrado com um dos precursores da black music no Brasil, pelos trabalhos na dramaturgia e pelo ativismo cultural.
No final de junho,ele integrará parte do elenco da próxima novela das 18h da Globo, “Êta Mundo Melhor”, de Walcyr Carrasco.