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System of a Down faz show enérgico e funcional, apesar de distantes do auge e da notória fragmentação do grupo

Os coros dos públicos do estádio Allianz Parque entoados nas execuções de Prison Song

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Os coros dos públicos do estádio Allianz Parque entoados nas execuções de Prison Song, pela banda Seven Hours After Violet durante o Knotfest 2024 e de Chop Suey! tocada por um pendrive antes do show do Bring me the Horizon, em novembro de 2024, devem ter tocado o coração dos integrantes da SOAD.

Afinal, mais quase três décadas após revolucionar o cenário do metal com letras afiadas e um ativismo sonoro sem concessões, a System of a Down desembarcou em São Paulo como parte da turnê Wake Up, um evento aguardado com ansiedade por fãs que clamavam por um reencontro desde 2015, no Rock in Rio.

Depois de percorrer países da América do Sul e emocionar multidões em Curitiba e Rio de Janeiro, o quarteto chegou à capital paulista para dois shows no Allianz Parque (10 e 11/05) e um encerramento épico no Autódromo de Interlagos (14/05). Eu estive no primeiro deles, no último sábado 10/05, e estas são as impressões de um fã sobre cada integrante da banda.

John Dolmayan: O Construtor de Pontes

John é, sem dúvida, o cara mais gente boa da SOAD na atualidade. Suas ações como trocar pratos com o baterista do Ego Kill Talent, presentear fãs com ingressos VIP e aparecer de surpresa na área destinada a PCD para tirar fotos, mostram um lado “eu sou amigo de vocês”, algo notável para membros de bandas dessa magnitude. A conexão com artistas como MC Lan (mesmo que a música prometida nunca tenha saído) e presença surpresa em shows da Seven Hours After Violet, revelam um jogo de marketing relacional que mantém a SOAD no radar, mantém a SOAD atuante.

A rejeição de parte dos fãs por suas posições conservadoras (em choque com as letras anti sistema da SOAD) não é esquecida, mas é irônico que ele parece ser o único que ainda se importa em criar laços, expandir a banda e interagir diretamente com o público. É como se John resolvesse botar panos quentes nas divisões internas da banda com gestos de grandeza. Eu aprendi a admirar o John, a despeito das questões políticas que nos opõe.

Serj Tankian: A Lenda Ausente

Serj é o ícone, mas sua energia no palco parece ter minguado. Ele ainda está lá e é um gigante, mas é sustentado pela aura de sabedoria que adquiriu com os anos e admiração do público. O minimalismo nas interações (um “São Paulo” aqui e ali) reflete talvez o cansaço de décadas de conflitos internos sobre o propósito da SOAD. Enquanto ele tentou emplacar a banda como um veículo político, os outros membros acreditavam que a banda era “mais do que isso” e queriam focar no entretenimento. Algo que minou o brilho nos olhos da nossa lenda. O artista aparentemente já não acredita no palco como espaço de mudança, mas ainda carrega o peso de ser a voz de músicas como B.Y.O.B ou Prison Song. O público aplaude, mas sente falta do Serj dos anos 2000, que incendiava palcos com sua presença caótica, mais próxima da do Daron e da energia do público.

Daron Malakian: O Showman Calculista

Daron entende que o público quer espetáculo. É o membro que melhor navega entre o “somos anti sistema” e o “isso é só uma arena de rock”. Ele ainda carrega aquela parada de ser altamente teatral, mas está tudo roteirizado. Pra mim é bem evidente. Trouxe uma porção de falas durante os intervalos das músicas que presumo que sejam faladas em todos os shows da turnê. Mas pude notar uma empolgação genuína durante a performance de Toxicity quando nas pistas surgiram vários sinalizadores acesos ao mesmo tempo, que tornou impossível o trabalho do staff do Allianz de coibir (eles já haviam trabalhado para coibir alguns durante o show). Foram inúmeros focos e em um momento de agitação extrema no estádio. Nesse momento, Daron disse “as normas do local não permitem, mas nossos fãs trouxeram o FOGO!” *público em polvorosa* “bem ali, bem ali, bem ali, parem de olhar, todos girando e girando agora!” *round round spinning around*. Nesse momento, Daron tomou para si o domínio da situação, criando um clímax controlado.

Enquanto Serj economiza palavras, Daron compensa com riffs e performances exageradas características dele. E nós amamos! Sua guitarra é ainda a ponte emocional entre a banda e o público.

Shavo Odadjian: A Alma da SOAD

Shavo é o único que parece estar ali pra curtir o momento. Sem microfone, ele comunica tudo com olhares, expressões, pulos e muita energia. Enquanto os outros membros carregam pro palco suas bagagens mais profundas (políticas ou pessoais), Shavo é sentimento puro, é intensidade… como se a SOAD ainda fosse uma banda de garagem. Com certeza sua banda independente Seven Hours After Violet faz muito bem para sua recarga de empolgação. Ele não precisa de falas ou gestos grandiosos, seu baixo e sua postura já dizem “é tudo nosso, isso aqui é foda mesmo. curtam aí”.

Turnê Wake Up: Um Retrato da Banda em 2025

O público vai aos shows para viver a experiência SOAD e sai com ela, é tipo ir ver um show dos melhores amigos com os melhores amigos. E qualquer pessoa do estádio é seu melhor amigo. Quanto a banda: o conjunto funciona mesmo sendo claramente fragmentado – as músicas são atemporais, e a energia do público preenche as lacunas.

Próximo Show:

Autódromo de Interlagos (14/05): A presença da AFI na abertura será o diferencial da última apresentação da turnê, e pode criar um contraste interessante com o Ego Kill Talent (que terá a participação especial do guitarrista Jean Patton, da Project46), que já acompanha a banda por toda turnê com muita energia.

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Última atualização em: 13 de maio de 2025 às 19:28

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