Morreu nesta sexta-feira Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo. Ele enfrentava problemas decorrentes de de uma malária que adquiriu nos anos 1990, relatou à Folha um amigo próximo. O artista tinha 81 anos e vivia em Paris.
Em entrevista ao The Guardian em 2024, o fotógrafo revelou que a saúde foi um fator determinante para sua aposentadoria.
Salgado retratou guerras, revoluções, golpes, crises humanitárias e fome. Ele também viu alguns dos lugares mais intocados do planeta – lugares e povos intocados pela fúria devastadora do mundo moderno.
Sua fotografia tinha uma assinatura única de composição em preto e branco e iluminação dramática, foi desenvolvido ao longo de décadas, abrangendo centenas de trabalhos em 130 países, e o mesmo The Guardian colocou o nome do fotógrafo brasileiro ao lado de figuras como Robert Capa, Eugene Smith, Margaret Bourke-White, Henri Cartier-Bresson , James Nachtwey e Steve McCurry
“Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas”, contou na entrevista.


Salgado estava planejando uma mostra especial para apresentar durante a COP30 em Belém, no Pará, em novembro deste ano.
A falha dos meus críticos, eu não tenho. É o sentimento de culpa – Sebastião Salgado
Exodus, seu primeiro grande projeto após a separação, enfrentou duras críticas de seus pares, que acusaram Salgado de ser um “militante de esquerda”, de “explorar e estetizar a miséria” e, mais tarde, de “violar lugares e povos intocados”. “Dizem que eu era um ‘esteta da miséria’ e tentava impor beleza ao mundo pobre. Mas por que o mundo pobre deveria ser mais feio que o mundo rico? A luz aqui é a mesma que lá. A dignidade aqui é a mesma que lá”, disse.
“Já vi fotografias maravilhosas de Richard Avedon , Annie Leibovitz e grandes fotógrafos europeus”, diz ele. “Nunca houve críticas sobre a forma como eles usavam a luz ou a composição que criavam. Mas houve críticas sobre as minhas.”
“O defeito dos meus críticos, eu não tenho”, diz ele. “É o sentimento de culpa.
“Eu não nasci aqui [na Europa]. Eu vim do Terceiro Mundo. Quando nasci, o Brasil era um país em desenvolvimento. As fotos que tirei, tirei do meu lado, do meu mundo, de onde eu venho”, disse Salgado.
Fonte da entrevista: The Guardian